Análise da diversidade da comunidade microbiana em várias regiões da cavidade oral saudável

Freepik

A microbiómica oferece novos métodos para a realização de estudos epidemiológicos da microbiota oral em grandes populações. Em comparação com a amostragem por cureta, a amostragem por zaragatoa é mais conveniente e menos sensível do ponto de vista técnico, o que a torna mais adequada para esses estudos. Para verificar a viabilidade da utilização de zaragatoas para a amostragem da mucosa bucal em estudos de grande escala, foram recolhidas amostras da mucosa bucal e das superfícies dentárias de indivíduos saudáveis utilizando zaragatoas e curetas. A microbiómica foi utilizada para analisar e comparar a abundância e a diversidade microbiana entre estes dois métodos.  

Métodos

Foram avaliados quatro locais: a mucosa bucal de ambos os lados e as superfícies bucais dos primeiros molares inferiores esquerdo e direito. Foram utilizados dois métodos de amostragem, zaragatoa e cureta, para recolher comunidades bacterianas de indivíduos saudáveis. Especificamente, as amostras da mucosa bucal (n = 10) e as amostras da superfície dentária (n = 20) foram analisadas através da sequenciação do gene 16 S rDNA. Os sinais bacterianos foram detetados através de hibridação in situ fluorescente (FISH), tendo como alvo o gene bacteriano 16 S rDNA. Foi utilizada a análise de metástases e o teste de Wilcoxon.

Resultados

Foi detetado um total de 383 OTUs nas 30 amostras, que pertenciam a 1 reino (bactérias), 11 filos, 23 classes, 40 ordens, 75 famílias, 143 géneros e 312 espécies. Entre elas, 223 OTUs foram encontradas tanto na mucosa bucal como nas superfícies dentárias. As estatísticas sugerem que, embora não houvesse diferenças significativas na composição das colónias, havia diferenças na abundância e distribuição das colónias nas superfícies da mucosa dentária e bucal. Na deteção de agentes patogénicos causadores de doenças orais, como Enterococcus faecalis e Porphyromonas gingivalis, a eficiência da deteção é maior quando se utiliza a amostragem com cureta. Em comparação com a amostragem do dente direito com uma cureta, o grupo da amostragem com zaragatoa apresentava níveis mais elevados de Firmicutes, enquanto as Fusobacteria e Bacteroidetes eram mais prevalentes nos tecidos da cureta.     

Conclusões

Em indivíduos com saúde oral, não há diferença na composição bacteriana da mucosa bucal e da superfície dentária, diferindo apenas na abundância. Assim, a mucosa bucal pode atuar como um substituto dos dentes em investigações epidemiológicas que explorem a composição bacteriana da cavidade oral.

Fonte/Estudo completo: Liu, Y., Qiao, F., Wang, Z. et al. Analysis of the microbial community diversity in various regions of the healthy oral cavity. BMC Oral Health 24, 978 (2024). https://doi.org/10.1186/s12903-024-04677-w