Impacto da pandemia de COVID-19 nos aspetos clínicos e psicológicos das perturbações temporomandibulares

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Antecedentes

A doença do Coronavírus 2019 (COVID-19) causou mudanças drásticas no estilo de vida das pessoas que afetaram as características das DTMs através de suas influências físicas e psicológicas. O objetivo deste estudo foi definir as características clínicas e psicológicas de um grande grupo de pacientes com DTM bem definida e procurar as suas diferenças entre antes e durante a pandemia da COVID-19 para estabelecer pontos de cuidado a serem enfatizados na era pós-pandemia.  

Métodos

Foram analisados pacientes com DTM diagnosticados pelos Critérios Diagnósticos para Desordens Temporomandibulares (CD/DTM) com idade ≥ 18 anos. Amostras entre setembro de 2017 a julho de 2019 (n = 455) e março de 2021 a junho de 2022 (n = 338) foram coletadas para representar antes e durante a COVID-19, respetivamente. A Escala Graduada de Dor Crónica e a Symptom Checklist-90-Revision (SCL-90-R) foram utilizadas para avaliar os níveis de incapacidade e o estado psicológico. Os índices clínicos foram comparados entre os períodos da COVID-19 e os fatores relacionados com níveis mais elevados de dor foram investigados de acordo com o período da pandemia.  

Resultados

Mais pacientes relataram dor à palpação dos músculos mastigatórios durante a pandemia (p = 0,021), enquanto o número diminuiu para as áreas dos músculos do pescoço (p = 0,001) e da ATM (p < 0,001). Os doentes que referiram bruxismo noturno (23,3-29,6%) e apertamento dentário (45,1-54,7%) aumentaram significativamente durante a pandemia. Os doentes com DTM com dor sem incapacidade foram mais comuns durante a pandemia, independentemente da intensidade da dor (p < 0,001). O número de pacientes que expressaram interferência nas actividades diárias diminuiu drasticamente durante a COVID-19, independentemente do nível de incapacidade (p < 0,001). Os fatores associados a uma intensidade de dor superior a moderada (CPI ≥ 50) foram a insónia (odds ratio [OR] = 1,603, p = 0,047) e a somatização (OR = 1,082, p < 0,001) antes da pandemia. Durante a pandemia, a idade (OR = 1,024, p = 0,007), a somatização (OR = 1,070, p = 0,006) e a ideação paranoide (OR = 1,117, p = 0,003) foram significativamente associadas a uma maior intensidade da dor.  

Conclusões

Os resultados do nosso estudo sublinham a importância de avaliar os perfis psicológicos dos pacientes com DTM, especialmente a somatização, a ideação paranoide e o psicotismo, em situações excepcionais que podem causar uma alteração no estado mental individual. Isto levará a uma melhor compreensão do paciente individual com DTM e ajudará a planear estratégias de tratamento personalizadas que ajudarão o paciente a adaptar-se às mudanças que ocorrem em ambientes especiais, como a pandemia da COVID-19.

Fonte/Estudo completo: Kim, S.H., Jeong, B.Y., Kim, Y.S. et al. Impact of the COVID-19 pandemic on clinical and psychological aspects of temporomandibular disorders. BMC Oral Health 24, 447 (2024). https://doi.org/10.1186/s12903-024-04168-y